Profissionais de saúde, entidades sindicais e sociedade civil se reuniram na tarde da última sexta-feira (24), no Conselho Regional de Farmácia (CRF), para discutir a proposta de terceirização das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Hospital Geral de Roraima (HGR). O encontro foi uma iniciativa do Sintras-RR (Sindicato dos Trabalhadores da Saúde de Roraima), em conjunto com outras entidades representativas, diante da crescente preocupação com a falta de transparência e o impacto negativo que a terceirização pode causar na saúde pública do Estado.

Em uma demonstração de força e união, o Sintras-RR reuniu profissionais de saúde, representantes de entidades sindicais e da sociedade civil para discutir a proposta de terceirização das Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do maior e principal hospital do estado. O encontro, realizado no auditório do CRF, teve como objetivo central debater os impactos da terceirização e traçar estratégias de mobilização contra a medida.

A preocupação com a possível terceirização das UTIs do HGR tem crescido entre os profissionais da área e da sociedade, que têm a certeza da precarização nas condições de trabalho e a redução da qualidade do atendimento à população. O Sintras-RR, atento a essa problemática, tomou a iniciativa de organizar a reunião com o intuito de unir forças e construir um amplo movimento em defesa da saúde pública de Roraima.

Durante o encontro, os participantes expressaram suas preocupações e debateram os impactos da terceirização. A falta de transparência no processo de tomada de decisão por parte da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) também foi alvo de críticas. O Sintras-RR defende que a Gestão Estadual deve ser mais clara e aberta ao diálogo com a sociedade, fornecendo informações detalhadas sobre a proposta e os seus impactos.

É importante destacar que a alegação da Secretaria de Saúde de que a terceirização é uma tendência e trará benefícios para a população não se sustenta diante da realidade. Diversas pesquisas e estudos apontam para a piora dos serviços de saúde com a terceirização. A precarização das condições de trabalho, a redução de salários e benefícios, a alta rotatividade de profissionais e a falta de investimento em qualificação são alguns dos problemas comumente observados em serviços terceirizados.

Os resultados nefastos da terceirização são amplamente divulgados em pesquisas, demonstrações contábeis e relatórios gerenciais. Órgãos como Tribunal de Contas da União, Controladoria Geral da União de vários estados, inclusive de Roraima, além de respeitados institutos ligados à saúde, apresentam dados insatisfatórios dessa transferência de responsabilidade. A exemplo do estudo publicado no The Brazilian Journal of Infectious Disease, realizado pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER), que apontou 30% de mortes na UTI própria e 50% na UTI terceirizada à época da pandemia.

Além disso, a terceirização pode gerar fragmentação na gestão e dificuldades na comunicação entre os diferentes setores, impactando negativamente a qualidade do atendimento e a segurança dos pacientes. Experiências em outros estados e países demonstram que a terceirização majoritariamente resulta em menor eficiência e economia, podendo, inclusive, aumentar os custos e gerar desvios de recursos públicos.

Na reunião, o Sintras-RR e as demais entidades presentes definiram estratégias para intensificar a mobilização contra a terceirização das UTIs do HGR. As ações incluem:

• Fortalecer a comunicação com a sociedade: serão realizadas campanhas informativas sobre os riscos da terceirização para a saúde pública, utilizando diferentes meios de comunicação, como redes sociais, panfletos e entrevistas;
• Buscar apoio de entidades, órgãos, políticos e lideranças: formando uma frente ampla contra a terceirização, com a participação de conselhos profissionais, associações de pacientes e outras organizações da sociedade civil;
• Organizar manifestações e atos públicos: para demonstrar a insatisfação da população com a proposta de terceirização e pressionar as autoridades a rever a decisão;
• Criar um canal de denúncias: para que os trabalhadores da saúde possam relatar irregularidades e problemas relacionados à gestão da saúde no estado.

O Sintras-RR reforça seu compromisso na luta por uma saúde pública de qualidade e acessível a todos. A entidade conclama a população a se engajar nesse movimento e defender o direito à saúde como um bem fundamental. A união e a mobilização de todos são essenciais para garantir que o HGR continue sendo um hospital público e de referência para a população de Roraima.